Redomão de Juan Maria
Meu rebanho seis cordeiros, de tanta ovelha na cria
Duas vacas, três terneiros e esta conta quem diria
Reponta o tranco de um burro, redomão de Juan Maria
Pra aumentar este rodeio, um touro de valentia
Pequeno garrão fechado, costeado na judiaria
Tropeei na sincha do burro, redomão de Juan Maria
Meu rancho, luz da querência depois que clareia o dia
Canta o galo no terreiro, com timbres de nostalgia
Enquanto encilho este burro, redomão de Juan Maria
E pra invernada comprida, mais longa não poderia
Largo todo o patrimônio que empurro por teimosia
E vou talariando o burro, redomão de Juan Maria
E quando a noite estrelada, outra seca prenuncia
Me encontro amargueando um verso, pra esta triste melodia
Que canta o burro na soga, redomão de Juan Maria
Não são magoas que carrego, pois magoas não cantaria
É que a vida vem de ponta, de picana e picardia
Mas nos encontros do burro, redomão de Juan Maria