Pra ti, Xirua - Pra ti Guria
Pra ti - Xirua Clinuda
Dos ranchos de chão batido,
Com babados no vestido,
Na orelha - um galho de arruda,
Morena - Deus nos acuda,
Pra quem ama como eu amo,
Estrela pampa - proclamo,
Nas horas de nostalgia,
Eu te pergunto - guria,
Por que não vens quando eu chamo?
Quando abraço esta cordeona
É como se te abraçasse,
É mesmo que desejasse
Que tu fosses minha dona
E o meu ser se condiciona
Ao teu carinhoso abraço,
Chego a sentir um laçaço
Neste meu corpo franzino,
Pois - se te perco - imagino
Que vou perder um pedaço!
Calandrias e cotovias,
As palomas, as torcazas,
Se alvorotam quando passas
Murmurando melodias
E - ao calor dos meios dias
Vão se acalmando os relentos
E até as guitarras dos ventos
Se entreveram à cordeona
Confirmando que és dona
De todos meus sentimentos!
Vibram todas as escalas
Nos meus dedos tocadores,
Rudes acariciadores
Das tuas tranças bagualas,
No chão batido das salas
Com bárbara bruxaria,
E - completando a magia
Desse teu tranco macio
Com gosto de pasto e rio
Eu canto pra ti guria!