Esmorecido Solstício da Morte
Você consegue ver a luz?
Você consegue ser a luz?
Sentir a luz
Qual luz?
O final da luz
Você consegue ver tudo morrer?
Só jazer, junto a si mesmo
É o final da luz
O breu completo
Quem iria agora ser a luz?
Quem iria me dizer a diferença?
Entre a luz e a escuridão
Acho que nunca vi a luz
Vagueio solene e me perco
Em demasiados pensamentos cognitivos
Sinto o desdém cosmico que me rumina
Entre outros tantos pensamentos
De tantas outras luzes
Vejo o dia se matar na noite
Suicídio pródigo, inevitável natureza
Solstício eterno da alma
E por que iria eu querer a luz?
E o que afinal seria a luz?
Maldita luz
Que cega e mortifica cada devaneio
Maldita luz
Que extingue o amor
Numa elucidação vorpal
E a lâmina do marasmo
Cortando os dias
Em fragmentos desolados
De uma penumbra sem fim
O asco do arrependimento
Amola a lâmina
Numa elucidação vorpal
Maldita luz...
E abraço a minha auto-destruição
Como se fosse uma eterna novena de caos e sofrimento
Marchando sempre em frente a um abismo
Caindo eternamente em escuridão