A Vizinha

Vizinha, eu não sei se és casada, se és solteira ou desquitada ou se vives com alguém.
Eu só sei que aqui ao lado sofro triste, amargurado, por te querer tanto bem.
Vizinha, através desta parede imagino que tens sede, como eu, de muito amor.
Vamos juntar nossa fossa, nesta solidão que é nossa, neste cálice de dor.

Vizinha, a parede que separa nossas vidas se compara a uma trincheira de amor.
Tão perto, eu não posso acariciá-la, nem ouvir a sua fala, nem sentir o seu calor.

Vizinha, deve estar só do outro lado, sem dormir, curte um bocado, uma canção do altemar
No seu quarto a luz acesa é uma prova de tristeza, sem conseguir repousar.
Bem cedo você passa indiferente por mim, no portão da frente e sem me cumprimentar
Vai embora eu fico olhando e passo o dia esperando para ver você voltar.

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