O CUSCUZ DO DIA-A-DIA
Em matéria de mei doido
Eu me sinto mais ou menos
Dei com as palavras no palco
Feito um Biu de paletó
Severino pra platéia.
Usei palavras plebeias
Que nunca puderam entrar
Em discurso ou poesia.
Palavras soltas, baldias
Daquelas só disponíveis
Nas últimas nuvens do céu.
Conversei com flamboaiãs
No puro flamboaianês.
Despejei cachos de lágrimas
Pros versos de Assaré.
Beijos de rapadura
Pro vozeirão de Luiz
Sofri adivinhaduras
No sertão do pensamento.
Senti, naquele momento
Que isso era um fazimento
Democrático feito jeans.
Sem rodeio e sem pantins
Sem nhenhenhém, sem besteira
Fiz de velhas cuscuzeiras
Um gordo baú de flandre
Forjado em Campina Grande
Com três tons de serventia:
Deixar minha poesia
Meu verso e meu converseiro
Com textura cor e cheiro
Do cuscuz do dia-a-dia.