Guitarra, Tempo e Saudade
Quando recorda o rebrota
Costeando angústias serenas
As cordas traduzem penas
Para o dialeto das notas
O pensamento se agarra
Nalgum ruído imperfeito
Que flui dos poros do peito
Pelo cal desta guitarra
Os versos congregam rimas
Quando o som boleia acordes
E os cantos fazem alarde
Pelo relincho das primas
Regem bastos e caronas
Correndo os dedos no trates
Corcoveando nos arrastes
Pelos ecos das portunas
Na cadência melodiosa
O tempo volta no tempo
Respondendo o chamamento
Da cantinela harmoniosa
Ciúme perfeitamente
Os lamentos ancestrais
E os berros dos baguais
De novo solando a mente
Agora o que corre é terra
Na partitura das veias
Claves de sol e areias
De rio, invernada e serra
Guitarra transforma ausência
Em sentimento de espera
Pra reviver noutra era
Os mesmos sons da querência