Negro Catirino
Este moreno campeiro
arisco que nem capincho
nunca refugou bochincho
envidando a lida bruta
e na campeira labuta
de uma vida campejana
enfrenou a sorte aragana
na estância do Carlo Dutra.
Ginete por excelência
domando só pela farra
as pernas eram amarras
dando firmeza nos bastos
para aguentar tironaços
de muito potro aporreado
que ao tentar trocar de lado
corcoveava rente aos pastos.
Dele boca catirino
vê se enfrenta este bufão
bota o mango entre as orelhas
pra mostrar quem é o patrão.
"vamo" embora catirino
"dele" bóia pras esporas
faz "cosca" neste cuiudo
que já vem surgindo a aurora.
Indio taura e bonachão
flor de bueno numa doma
preto que nem cambona
mas a alma um algodão
ninguem teve um coração
como esse teu, Catirino,
as vezes, quase um menino,
noutras vezes, redomão.
Quando tua hora chegar
e te bandear para o alem,
quero que leves tambem
meus arreios, negro amigo,
pois um dia tambem sigo
para a estância grande do céu
e la vou tapear o chapéu
pra domar potros contigo.