Comunhão primeira

Foi desde da comunhão primeira
Que sobre mim vi seu olhar
Como de prata e de ouro a esteira
Que sobre as ondas lança o luar.

Era tão vasto e tão profundo
Como o azul do imenso mar
E a divindade lá no fundo
Eu percebia cintilar.

E feito um pego de delícias
Me perseguia aquele olhar
Sempre a cobrir-me de carícias
Como as areias beijam o mar.

Mas fui crescendo e fiz-me escrava
Do mundo a ponto de olvidar
Do seu olhar que me buscava
E que eu fugia de encontrar.

E aquele olhar tão doce e firme
Não me deixava sossegar
Sempre amoroso a perseguir-me
Até que enfim me fez voltar.

Senti saudade dele amei-o
E me deixei por ele amar
E arremessei-me no seu seio
Como no seio azul do mar.

Nele minh'alma já repousa
Nada me resta desejar
Qual fascinada mariposa
Sempre na luz a se abrasar.

E meu olhar mantenho fito
Na luz do seu divino olhar
Olhar intérmino e infinito
Como azul do imenso mar.

Ah! Se teus olhos algum dia
Não me fizerem mais vibrar
É que de certo a morte fria
Já fez meu coração parar.

Mas passarei a eterna vida
À luz do teu olhar
Como uma pérola escondida
No seio azul do imenso mar....

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