O Campo Nunca Mente (part.Jari Terres)
O campo nunca nos mente
Em seus sermões de paisagem
Guarda dos touros e tigres
A sua imensa coragem
Sabiás e beija-flores
Penas, poesias e cores
E uma leveza na imagem
Junto dos meus, cá estou
Com as tradições que mantenho
E posso ir adiante
Por entender de onde venho
Guardei insensos em roncos
E mil luzeiros de fogo
Para os escuros que tenho
Cada vez sou mais eu mesmo
Sem ter lado nem fronteira
Mas entendo meus limites
Que vão além da porteira
Aprendi por fieldade
Que qualquer meia verdade
É sempre mentira inteira
Assim eu me reconheço
Assim eu me identifico
Qual joao-de-barro que canta
E leva a terra no bico
Desta terra que me acampo
Genuino homem de campo
Que mesmo pobre é rico
Mates me cevam aos poucos
Cavalos vão me domando
Solidão que é presente
Vai sempre me acompanhando
Venho de marcha estendida
E tenho rastros que a vida
Insiste em ir apagando
O campo nunca nos mente
Com seus escritos de terra
Tudo que nele se acerta
Na mesma volta se erra
E, assim, de ponta a ponta
Tem verdades que não conta
E planos que nunca encerra