Sigo Trilhando Meu Caminho

Luiz Fernando Virgilio De Oliveira

Dando uns passos na favela a malandragem dela vejo
Um dia ruim que não seja, eu desejo
Seu dinheiro te faz fechar os olhos
Todo mundo na merda, destruição dela é óbvio
O negócio que rola aqui é quente
Mesmo não mexendo, sempre cai em sua mente
De repente quando bate é foda
Isso roda em sua cabeça, e pra sair isso demora
Talvez não importa pra você o que estou falando
Mesmo assim ao passado vou voltando
Relembrando de uns manos sangue bom
Da brincadeira de sempre, polícia e ladrão
Quando pequeno, armas nossas de brinquedo
Mesmo assim a gente sentava o dedo
Sem medo, sempre sem dó
O barulho do disparo com a boca, o melhor
Vejam só, maldades na cabeça
Mas como eu, também há quem não se esqueça
E já naquele tempo tv sem futuro
O que pegava era ouvir um som de negrão, fazer um barulho
No escuro da rua o mó barato
Vários irmãos zoando pra caralho
De fato, muitas alegrias
Apesar de ser na periferia
Eu lembro de um moleque novo, pouco de idade
Que hoje vê uns mano e tal na bandidagem
Trocando tiro por aí e uns morrendo
Isso não muda com o passar do tempo
Mas com o tempo soube se definir
Dia após dia e agora tá aqui
Jogando idéia de responsa pra você
Mostrando pra quem não sabe como é sobreviver
Num lugar onde a vida não é bela
Que muitas vezes destrói quem faz parte dela
Hoje, me considero um vencedor, irmão
Pois não me deixei levar, ou seja, tive o dom
De superar as coisas más da favela
Mesmo perdendo manos que faziam parte dela
Que naquela de fumar, dar uns dois
Ficaram no passado sem ter um depois
Neurose tá batendo, eu sinto
Procuro os manos, alguns estão perdidos
Isso é ruim, não posso ficar traquilo
Será que continuar com isso eu consigo
Sigo trilhando meu caminho

Como sempre há alguns barato pra tentar atrasar os manos
Lá vem os homê,e a gente filmando
Já vem naquela, na disposição
De embaçar em mais algum qualquer simples cidadão
O tiroteio de outro dia aqui foi embaçado
Me fez lembrar das noites mal dormidas no passado
Complicado, vichi, até umas horas
Muitos manos se foram, o que fazer agora
Neurose tá batendo de novo
De sofrer, talvez não disposto
De onde nos virá o socorro
Ver um moleque de paz ir pro crime, dá desgosto
Teve uma noite em que ouvir barulhos
Achei estranho, olhei no escuro
Da viela em frente de casa
O pior é que não vi nada
Só ouvia vozes e mais vozes
E eu me perguntando se mudar isso alguém pode
Mas é o estilo da perifa, meu amigo
A cada segundo do relógio só perigo
Correndo risco, levando tiro, fugindo disso ou daquilo
Não tô tranquilo, vou me jogar de bode
Eu tô ligeiro pra não levar um sacode
Se eu cair, diz aí quem me acode
Pra sobreviver no inferno você tem que ser forte
Então pára e pensa, analisa o que acontece
Quando olha, só lhe resta uma prece
A todos lá de cima não diexo de pedir
Que guiem meu cainho e protejam me
E todos eles por mim acho que atuam
Pois não estão deixando que eu me perca pelas ruas
Sendo mais um refém do crack, de um beque
Ficando louco enquanto o dia amanhece
Esquece, é melhor deixar isso de canto
E ao passado novamente vou voltando
Dando ponto pra um mano de expressão
Que de trincar com a favela sempre teve o dom
Que no trenzão vinha lá da z.o.
E hoje representa a z.n. sem dó
Quando é preciso, segue representando
Com os parceiros das quebras por onde vai passando
Mas uma 9 ainda vejo em mãos
E não é a camisa da seleção
Disposição pro veneno há demais
O negócio deles é chegar na cena e vai, vai, vai
Passa a grana, vê se não demora
Pois pra sair daqui a gente tem hora
Se reagirem, nunca se vai ter boi
E se pã um pente todo pode crer que foi
Ouço parceiro chega aê, cola aqui com a gente
Enrola um e manda tudo pra sua mente
Ouço que a fita já tá pronta e todos tão preparadosvejo que uns irmãos e pa tão andando maquinado
Tá embaçado, não vejo ascenção
Fora da escola a molecada sem devida instrução
Quem vê além, vê que o crime é sem futuro
Não paga de piolho, não dorme no barulho
Então glória é o que eu peço, essa vida ainda muda
Oh, meu senhor, nunca me deixe sentar o dedo num filho da puta
Pra quem me escuta, não tô sozinho
Nunca perco minha fé e assim eu trilho meu caminho
Sigo trilhando meu caminho

(refrão)
O tempo passa, você vive na fé
Tô sempre na responsa, você sabe como é
Atrás do prejúizo alguém me manda a luz
Na calma e perigo tá comigo jesus

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