Gaúcho Guapo
Houve uma festa de muita importância
Era uma festa de gineteada
Foi promoção de um dono de estância
Pra dar um prêmio para a gauchada
Tinha um picaço por nome esperança
No lombo dele não parava nada
Eu não sou cria de raça bem mansa
Me resolvi de topar a parada
Eu cheguei lá no horário certo
Tava a fazenda toda enfeitada
Tava o picaço relinchando alerto
Metendo medo em toda a gauchada
Tava o patrão, uma filha perto
Já de vereda pedi a bolada
Eu sou gaúcho que não me aperto
E gosto mesmo de lida pesada
Já de vereda eu apertei os caco
Montei pra cima e baixei o laço
Fazendo cócegas só no sovaco
Cantarolando as esporas de aço
Dava corcóvio de arrancar cavaco
Que embolocava o lombo do picaço
Cada corcóvio que dava o velhaco
Eu dava nele dois ou três laçaço
Corcoveou mais que meia hora
E eu sorrindo em cima do lombo
Dando comida pra minha espora
E abrindo talho que saia um rombo
Corcoveiava muito a campo fora
Porém nunca sem me dar um tombo
Pra mim cair só de caipora
Porque a desgraça é coisa que eu não zombo
Esse cavalo parou de repente
Dando sinal que não podia mais
A trotezito voltei novamente
Fazendo tudo que um ginete faz
Já encontrei o povo contente
Batendo palma me dando cartaz
E disse a moça papai que vivente
Para ficar de seu capataz
Eu aceitei a capatazia
Depois mais tarde me casei com a prenda
Foi o prêmio desta montaria
Ganhei a china e aumentei a renda
E vocês comprem nessa livraria
Que existe um livro que conta esta lenda
Dei lhe porrete nele a revelia e
Fiquei de dono daquela fazenda