Gente de Lá

Garnizé / Marcelo Yuka / Maurício Pacheco

Eu vim jogando baralho em pé no trem
Com gente que eu nunca tinha visto antes
Me apaixonei por um rosto que me sorriu
E desapareceu na multidão
Comemorei na rua um título com alguém

Que só tinha a mesma camisa que eu
Contei minha vida pro cara da cerveja ao lado
E no sábado encontrei alguém
Que me conhecia muito bem
Mas eu não sabia o nome de quem

Mas há um cheiro de pneu queimado no ar

E não vou na minha tia há muito tempo
Larguei o colégio ao lado quando a coisa apertou
E joguei fora as minhas calças vermelhas
Que um amigo me deu
Fronteiras impostas, pistolas mais novas

Braços mais magros e mais violentos
Eu não devo nada a ninguém
No meu comando invisível que às vezes
Só aparece na cor inevitável do medo

De ser confundido com alguém
Que duvide da minha carteira assassinada de trabalho
Banalizando a queda de mais um
No paradeiro mais cruel da minha área

Mas há um cheiro de pneu queimado no ar

E essa gente de lá, e essa gente de lá
Já faz mais de um ano que não posso ver

E essa banda de lá
Já faz mais de um ano que não posso ir
E essa gente de lá
Já faz mais de um ano que não posso ver

Comando Vermelho, Comando G8, Terceiro Comando
Comando Banco Mundial, BID, PCC, FMI
Amigos dos amigos
The enemy of the enemy

Comando dos comandos, fronteiras das fronteiras
De Washington à Síria, da Maré à Fazendinha
Cuidado, onde há fumaça há outro fogo
E quem controla esse jogo, vicia muitos em gasolina

Para vender armas mais barato nas esquinas
E essa gente de lá, e essa gente de lá
Já faz mais de um ano que não posso ver e essa banda de lá
Já faz mais de um ano que não posso ir

E essa gente de lá
Já faz mais de um ano que não posso ver
Mas há um cheiro de pneu queimado no ar

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