Lamento de Um Vaqueiro
Seu doutor me dê licença
Escute o que vou falar
Eu sou filho do nordeste
E não posso me calar
Eu vim de peito sangrando
Lhe pedir, lhe implorando
Para o senhor me ajudar, heei
Eu vim de longe pra cá
Foi grande a minha jornada
Foram três dias e três noites
Sofrendo pela estrada
Pra lhe pedir por favor
Por Deus, o Nosso Senhor
Não acabe a vaquejada, heei
Deixei minha terra amada
E toda a minha família
Deixei minha esposa bela,
Três filhos e uma filha
Fiquei desorientado
Senti-me desnorteado
E vim parar em Brasília, heei
Perdi o rumo e a trilha
Quando fiquei informado
Que o Supremo acabou
Com a nossa vida de gado
Perneira, chapéu, gibão
É o nosso ganha pão
Doutor fique ao nosso lado, heei
Sempre lidamos com gado
O senhor precisa saber
Se acabar a vaquejada
Como é que vamos viver?
Reflita bem nessa hora
Pois o nosso povo implora
Seu voto e seu parecer, heei
Como vou dar de comer
Aos meu filhos, doutor?
Pois eu só sei correr boi
Foi o que pai me ensinou
A cuidar bem dos animais
Pois aprendi com meus pais
E pai aprendeu com vovô, heei
Seu Ministro, seu doutor
Por favor seja o primeiro
Traga de volta a alegria
Do nordeste brasileiro
Que quer voltar a sorrir
Lhe imploro para me ouvir
O lamento de um vaqueiro, heei
Sou apenas um vaqueiro
Vivendo em aflição
tô aqui pelos meus filho
E o povo do meu sertão
Se acabar a vaquejada
Vai se transformar em nada
Cem anos de tradição, heei
Não acabe a vaquejada
Se não vai se transformar em nada
Cem anos de tradição, heei