Afrofuturo

Ellen Oléria

Sangria, afrofuturo e ambivalência
Corte profundo na madeira, madeira
De fim de mundo a fim de mundo

Taca fogo e queima palha
Amargo o gosto da seiva
Fino o fio da navalha
Toma, aceita, sente a seita

Toma, aceita, sente a seita
Toma, aceita

Madrugada a dentro
Eu me preparo pra cantar
Verdade, inteireza, ofereço o que eu posso ofertar
Minha voz no ar

Todo o mundo que procura a cura
Sabe que toda a matéria em terra é finda
Mora na esperança mera
Chora, quer melhor presente agora
Vitória na trajetória
Quer se inundar de glória
Pôr sua digital na história
Desejo é planta, é flora
Quero minha alma zen
Não dou a mão à palmatória
Eu sei com quem contei
Quando contava a zora
No corredor da morte o clima tenso ainda piora

Um nó nas ideias, intenções poéticas
Um nó na garganta, o peso da palavra estanca
Cuidados com o destino, um mundo descortino
Soltando a língua antes presa no véu palatino
Eu também quero agora
Não só pra futuras gerações
Agora, sim! Temos opções
Quebrando os padrões, saindo dos porões
Dê-me um punhado de palavra e fogo
Faço minhas poções
Mágica do amor, mágica do amor

Madrugada a dentro
Eu me preparo pra cantar
Verdade, inteireza, ofereço o que eu posso ofertar
Minha voz no ar

Sangria!

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