O Momento Faz Canção
Não se entregue por inteiro
Deixe um pouco pra depois
Arroz com feijão tropeiro
Nem sempre é baião-de-dois
Não queiras ser mais que nada
Sede só o que vóis sois
A Festa da Vaquejada
Só não tem graça pros bois
Fixe-se o olhar no firmamento
Sem tirar os pés do chão
Devagar se vai mais lento
Passo a passo, grão em grão
Se o homem é o momento
O momento faz canção
De onde menos se espera
Quase nada pode vir
Despertar de uma quimera
Tira o sono ou faz dormir
Quem canta os males espanta
Abra os olhos pra ouvir
Cedo o mundo se levanta
Porque o sol se faz sentir
Pra regar um sentimento
Tem que haver transposição
Cada qual com seu talento
Faz valer a intenção
Se o homem é o momento
O momento faz canção
Censurar ninguém se atreve
Deixe estar se nos convém
Pra chorar que seja breve
Pra sorrir vá mais além
Como quem não foge à luta
Seja o seu próprio refém
Se tiver razão discuta
Se não tiver diga amém
A cada palavra enxuta
Cada verso singular
No calor de uma disputa
Nem dá tempo de se abanar
Entretanto e finalmente
Nas terras da ilusão
Não se sabe qual semente
Vai vingar no coração
E o amor se faz tormento
E o querer se faz paixão
Visto que o discernimento
Não resite à tentação
Ignore o juramento
Se o homem é o momento
O momento faz canção