Festa
Sol vermelho é bonito de se ver
Lua nova no alto, que beleza
Céu de azul bem limpinho é natureza
Em visão que tem muito de prazer
O lindo pra mim é céu cinzento
Carão entoando o seu refrão
Prenúncio que vem trazendo alento
Da chegada da chuva no sertão
Ver a terra rachada amolecendo
A terra, antes pobre, enriquecendo
O milho pro céu apontando
O feijão pelo chão enramando
E depois, pela safra, que alegria
Ver o povo todinho no vulcão
A negrada caindo na folia
Esquecendo das mágoas sem lundu
Belo é o Recife pegando fogo
Eu vim com a Nação Zumbi
Aos seus ouvidos falar
Quero ver a poeira subir
E muita fumaça no ar
Cheguei com meu universo
E aterrisso no seu pensamento
Trago luzes e sombras nos olhos
Rios e pontes no coração
Pernambuco debaixo dos pés
E meus olhos na imensidão
E pra que melhor possa me conhecer Vossa Senhoria
E melhor possam seguir a história de minha vida
Passa a ser o severino que em vossa presença emigra
A cidade não para
A cidade só cresce
O de cima, sobe
E o de baixo, desce
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife sem mais nada
Recife da minha infância