Concreto Abstracto
[Intro: Manel Cruz]
Deus, Deus, Deus, Deus
Deus, Deus Deus, Deus
Mentiu, mas tu sorris, tudo bate tão certo
O céu está limpo: eis o brilho
Um grito de fé é a força e castigo
Os olhos são as estrelas
São eles os diamantes
Só o meu peito sabe
Aquilo em que eu toco
Algo tinha que ser para sempre
Não há dor nesse lugar
Não há medo, nem perda
E não tens de dar mais que aquilo que tens
(Aaah) Concreto como nada mais sabe ser
Concreto como nada mais sabe ser
[Verso 1: Expeão]
Águas límpidas das colinas douradas
Rimas com fábulas, metalinguagem p'ra além do atlas
Mágoas vividas, palavras megalíticas
Eu continuo a encaixá-las em quebras rítmicas
Parado na encruzilhada da vida
Ilusões de grandezas, estradas de melancolia
A Noite, o dia, a morte e a vida
Enterrei os meus dois amores, eu não queria
Coração louco, sem expressão no meu rosto
Quando vieste ter comigo com esse olhar de desgosto
Sentimentos reais, rimas escritas nas estrelas
Reflexos da lagoa e vento que apregoa
E memórias são imagens em nuvens
Que se movem lentamente mas que passam
... eventualmente
[Verso 2: Fuse]
Viver sem objetivo é como ver sem objetiva
Guardei a minha, aprecio a vida numa outra prespectiva
Fecho os olhos quando acordo, o mundo vira-me ao contrário
Os trocos caem-me dos bolsos mas só acordo quando caio
A realidade não usa rímel a verdade não é potável
A simplicidade dum sorriso e um perfume é inquebrável
Amizades não se vendem, as sombras nunca coram
Os animais não mentem as estátuas nunca choram
Nunca crianças são minas de cristais
Ao virar da esquina crianças pisam minas e murais
Mal, quem é que rega o mal?
Fecha a torneira, a raíz cresce cada vez mais
Estranhos beijam estranhos, sonhos acorrentados
Amamos atormentados, desenhos inanimados
Acordo ortográfico o meu é ortopédico
Tropeço no que sinto quando quero escrever correcto
Algo tinha de ser para sempre
[Verso 3: Mundo Segundo]
Do meu vaivém, vejo o que vai e vem
O mal não desejo em mim, tudo vai bem
Um eterno sonhador, na cidade que nunca dorme
A beleza interior é superior ao uniforme
Flores de várias cores, aromas e formatos
Amores-perfeitos, rosas, violetas como Ornatos
No jasmim dos poetas dançam borboletas
Essas armas só são belas se forem canetas
Essas estrelas so brilharão se não forem vedetas
Há uma extração de uma lição nos erros que cometas
Não metas obras em gavetas, não faças gazetas
Dou mértio a várias facetas não ponho etiquetas
Adoro que não prometas em letras de altruísmo
Ampulhetas sao grilhetas, escravidão capitalismo
Se o céu e o limite já há muito perdi o meu
Quando beijei Vénus no esternocleidomastoideo
[Verso 4: Maze]
Viajo num zoom, do cosmos ao átomo
Na cauda de um astro fotografo em macro
Infinita espiral, teia que me envolve
A sequência de Fibonacci que evolve
O corpo é a arca da eterna aliança
Onde guardo vivências desde criança
Do passado ao futuro, sem passaporte
Versado na arte da vida e da morte
Todo o vazio deixa-me preenchido
Num simples sorriso, luz irradio
Pixel a pixel, martelo e cinzel
Pincel no papel, tons de pastel
Crio exercício do detalhe, é um vicio
Oficio, de equinócio a solstício
Deslizo no ritmo, suave veludo
Menos é mais, simples é tudo
(Aah) Concreto como nada mais sabe ser
Concreto como nada mais sabe ser