Rios de Suor

Victor Valente

Flor dos olhos seus
Semeou nos olhos meus
Um pedacinho de deus,
Sementinha de luar
Mar de dor e adeus
Evaporou-se no céu,
Minha torre de babel
Diluiu-se n quintal


E o seu olho nem sabia
Que por mim se admirava
Foi canção, eu poesia
E o meu verso te rimava


Rios de suor
Levam pro mar meu barquinho de papel
A minha jangada faz surgir
À beira-mar


Toda gota é um rio
Pois carrega em si
A grandeza do primeiro passo,
A beleza da primeira nota
E a incerteza do primeiro verso.
É que o incerto feito certo
Que é a gota
Desenha suas veredas
Agregada a outras gotas
Que com ela têm compasso.
E a gota já não é mais gota:
É traço, filete, córrego, rio, mar
É, no mais, infinito
Pois será sempre presente
Na mente desperta de outras gotas
Que, com ela, se viram grandes.


Rios de suor
Levam pro mar meu barquinho de papel
A minha jangada faz surgir
À beira-mar

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