Glória Nacional
Creia mecê, cidadão
Sou caboclo do sertão
Não é isso que vance pensa
E vive a falá sem sabê
Você diz que ele é atrasado
Muito már educado
E não se faz compreendê
Mas a curpa não é dele
Pode crê
Oia, ele não tem escola
Mais no braço de uma viola
Dá bem lição pra mecê
Enquanto sua arma chora
Se ri do próprio sofrê
Eleva o pensamento
No arto do firmamento
Encontra inspiração
Na Lua, na estrela brilhante
Ou nas mata verdejante
E a riqueza do sertão
Não faz como muito afamado
Certo poeta ilustrado
Que traduz versos importado
De homens de outra nação
Mecê que não sai da cidade
Eu lhe falo essa verdade
Sem ter receio de errá
Tudo que mecê come
Deve muito pra esses home
Tão esquecido por lá
É do caboclo que eu falo
Esse que amansa cavalo
E logo que canta o galo
Sarta da cama ligêro
Sai contente pra estrada
E rumo das invernada
Cuidá do gado leiteiro
Ou então de arma afiada
Foice, machado, enxada
Deixa cedinho a paioça
Pra morde fazê derrubada
Ou capiná sua roça
Façam ideia só
O que seria o Brasil
Se não fosse as plantação
Do ouro verde, o café
Do ouro branco, o argodão
Dos cereais e das borracha
Que vai pra outras nação
É da mão calejada
Do caboclo, nosso irmão
Que sai todas as riqueza
Pra todas as povoação
Enquanto ele na miséria
Tá passando privação
Vai cumprindo seu fadário
Pra nos dá alimentação
Pobre caboclo esquecido
Sem amparo e proteção
Que arguns político só lembra
Nas véspera da eleição
Mas quando tá no puleiro
Esquece os pobre que são
O caboclo merecia
Sê oiado com simpatia
Pelo governo federá
E ficá na história
Como uma estátua de glória
No centro da capitá
Sarve herói desconhecido
Eternamente esquecido
Nesse Brasir colossá
O que eu disse ainda é pouco
Pois pra mim um caboclo
É uma glória nacioná