Negado Ao Negro
Aquela cerca de pedra
Que desenha a sesmarias
Tem meu suor, minha dor
Que emolduraram meus dias
Não tive a infância dos livres
Brinquedo e gado de osso
Trabalhei a vida inteira
Sem ter salário no bolso
Na vida não tive flores
Só exploraram meus braços
Me açoitaram mil vezes
Por ter nascido picaço
Eu que sou parte da história
Que construiu este chão
Continuo sendo escravo
Descaso e solidão
Se na vida fui pealado
Pelo desprezo da cor
Meu sofrimento já basta
Também preciso de amor