Das Cruzes

Severino Rudes Moreira

São tantas as cruzes, que o mundo tem
Porém raras vezes se para à pensar
Que nem todas, simbolizam o suplício
Nem todas nos plantam, argueiros no olhar

O olhar que cruza, é um buenas tardes
Saúda a quem chega, acena quem vai
E quando a mão, é cruz sobre o peito
Simboliza a fé, em nome do pai

Uma cruz que envelhece, no vazio da pampa
É de quem carregou, a cruz mais pesada
E a cruz que ressalta, n'algum mausoléu
Traduz uma vida, que não faltou nada

As cruzes que voam, em tardes de sol
Se tem asas negras, são funerais
Mas quando aparecem, com branco nas asas
Retinas vislumbram, os tempos de paz

A cruz das estrelas, na quincha do pago
É que dá o sentido, da cruz da estrada
E as cruzes do pingo, que uso por trono
É onde eu cruzo, feliz nas canhadas

Os braços abertos, é a cruz do corpo
É a alma aberta, sentimento fraterno
E esse calor, que brota por dentro
Ameniza agruras, de qualquer inverno

Na cruz de uma adaga, escora-se o golpe
A cruz no estanho, é fogo mortal
E a cruz missioneira, mutiplica braços
E revive a história, num canto imortal

A cruz na boca, pede silêncio
A cruz a quem benze, tem dialeto
A cruz no papel, é escola da vida
-O aval na palavra, do analfabeto-

Está na Cruz, a Paixão de Cristo
Da cruz se fez, o nome de alguém
Se a Cruz representa, a Santíssima Trindade
Tem a fé que conduz, ao caminho do bem

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