Café Pequeno

Pagode pra ser pagode é um verso em cada assunto
Neste verso vou falar do caixão e do defunto
É triste o morto morar na cidade do pé junto
Ando fugindo da morte, eu no porco não a monto
Eu prefiro minha parte em sanduíche de presunto

Neste verso eu relato um trecho do meu passado
No dia que me casei teve um baile enfezado
De noite quebrou o pau, saiu nego machucado
Corri na casa da sogra pra dormir bem sossegado
Errei a cama da esposa e dormi com meu cunhado

Este verso é mais ardido do que ferrão de mutuca
Por isso, eu ofereço pra quem vive na sinuca
Eu sou passarinho arisco, eu não caio na arapuca
Boi de carro bem desperto o carreiro não catuca
O macaco malicioso não põe a mão na cumbuca

Este verso é meio triste e a tristeza não condeno
Só nasce erva daninha por cima do meu terreno
Mas eu não largo da enxada, eu não vou tomar veneno
Quem tá molhado de chuva não faz conta do sereno
O sofrimento da vida pra mim é café pequeno

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