Paraíso
Deixa ficar comigo a madrugada
Para que a luz do Sol me não constranja
Numa taça de sombra estilhaçada
Deita sumo de lua e de laranja
Arranja uma pianola, um disco, um posto
Onde eu ouça o estertor de uma gaivota
Crepite, em derredor, o mar de Agosto
E o outro cheiro, o teu, à minha volta!
Depois, podes partir; só te aconselho
Que acendas, para tudo ser perfeito
À cabeceira a luz do teu joelho
Entre os lençóis o lume do teu peito
Podes partir
De nada mais preciso
Para a minha ilusão do Paraíso