De Repente, Repente
Comportas agrestes começam ranger
Abrindo tramelas de outro horizonte
Tem pingos de ouro sangrando da fonte
Tem vinho salgado pra gente beber
Tem grutas profundas que vão renascer
No olho da terra que vai nos salvar
Há tuias de água por todo lugar
Lambendo a planície, pulando marés
Se a roda do tempo tiver um revés
Vai ter cicatrizes na beira do mar
Eu tenho a espada que mata moinho
A cura de todas mazelas do mundo
O mapa de todo oceano profundo
E o guia da boa cachaça e vinho
A forma perfeita pra ir com jeitinho
Enquanto o escuro não se clarear
A hora exata de quando parar
Mudar de caminho, com toda certeza
Vencer tempestade, quebrar correnteza
No rumo da venta na beira do mar
Te vejo por cá, em quaisquer dimensões
Onde caio no sono, tranqüilo, sagrado
A luz me separa do tronco alado
Onde vou amarrar minhas más intenções
Histórias secretas, civilizações
Fincadas na ilha de Madagascar
Tem elo perdido, eu vou explicar
O primeiro micróbio, de onde gerou
A bolsa do parto, aonde estourou
E nasceu o repente na beira do mar