Profissionalismo É Isso Aí
Era eu e mais dez num pardieiro
(No Estácio de Sá)
Fazia biscate o dia inteiro
(Pra não desovar)
E quanto mais apertava o cinto
Mais magro ficava com as calças caindo
Sem nem pro cigarro, nenhum pra rangar...
Falei com os dez do pardieiro:
(Do jeito que tá)
Com a vida pela hora da morte
(E vai piorar)
Imposto, inflação cheirando a assalto
Juntamo as família na mesma quadrilha
Nos organizamo pra contra-assaltar...
Fizemo a divisão dos trabalhos
Mulher - suadouro, trotuá
Pivete - nas missas, nos sinais
Marmanjo - no arrocho, pó, chantagem
Balão apagado, tudo o que pintar
E assim reformando o pardieiro
Penduramo placa no portão
Tiziu, cuspe-grosso e seus irmãos
Agora no ramo atacadista
Convidam pro angu de inauguração...
Tenteia, tenteia
Com o berro e saliva
Fizemo o pé-de-meia...
Hoje tenho status, mordomo, contatos
Pertenço à situação
Mas não esqueço os velhos tempos
Domingo numa solenidade
Uma autoridade me abraçou
Bati-lhe a carteira, nem notou
Levou meu relógio e eu nem vi
Já não há mais lugar pra amador!
Tenteia, tenteia
Com o berro e saliva
Fizemo o pé-de-meia...
Ri melhor
Quem ri impune!