Pelas beiradas
Angélica Rizzi
Andava pelas beiradas
em altos edifícios de
espelhos azuis
dormia
encostado nas venezianas
das janelas de cobre
se alimentava
das caixas vazias
que eles jogavam nas ruas asfaltadas
frias
argh concreto
podia se ver em qualquer parte
nas vitrines luxuosas
do big apple
nas calçadas tomadas pela multidão
ele não tinha passagem
mas, seu rosto
se abria
com um sorriso moleque
quando havia crianças
e seus balões coloridos
as bailarinas
com suas pernas de vidro
os homens de raibaw
nada sabiam das bailarinas
eles só comem fast foods
e bebem drinques adocicados
fumam charutos
fétidos
e nunca dormem
para não diminuir o ruído das
caixas registradoras