Dor de Cabeça
Sei bem que tudo passa
Inclusive essa dor de cabeça
E ainda esse meu peito inchado
Sei que aqui nesse meu quarto empoeirado
Hei de fazer uma limpeza
Esse meu medo que me quebra a crista
E que arrebenta o Cristo da minha sala
Que me carrega como um motorista
E me arremessa dentro de uma vala
Irei vencer, tenha certeza
A essência da injustiça enorme
De uma preguiça que não passa
E quando o Sol acorda, dorme
Em nós a força já escassa
Sei bem que é tudo farsa
Inclusive essa sirene acesa
E ainda esse corpo fechado
Sei que aqui nesse lugar abandonado
Vou libertar a língua presa
Não me segura o que não tem mais graça
Nem me afoga a pouca correnteza
O grilo canta, o calendário passa
E quando o pão não chegar mais à mesa
Vou me encontrar, sou correnteza
Um novo Sol vem de carona
Na cela dessa nova estrada
E os velhos da antiga zona
Vão explodir feito granada
Sei bem que tudo passa
Inclusive essa dor de cabeça
E ainda esse meu peito inchado
Sei que aqui nesse lugar avacalhado
Há de haver uma certeza