De Costas Voltadas
Maria Do Rosário Pedreira
Nunca fui o que quiseste
Fui sempre o que não gostavas
Deitei fora o que me deste
Pedi-te o que não me davas
Fui abraço de serpente
E beijo-amargo, limão
Fui um corpo sem ser gente
Mão que é prego noutra mão
Fui de promessa fingida
E rosto que não se encara
Dor que não chega a ser ferida
E até por isso não sara
Fui noites sem madrugadas
Desejo sem aflição
Estamos de costas voltadas
Por mais que digas que não