Anjo Maldito
Hermínio Bello de Carvalho / João de Aquino
Ele sujava a palavra amor
E entre aspas vivia sua vida
Pelo canteiros onde andava nem se apercebia
Do azedo que espalhava
Ela adoçava e também cuspia
Os olhos de quem o amava
E vomitava versos que falavam de um amor
Que nem sentia
Ele pegava as estrelas
E lhe armava um chão
E lambuzava promessas
Com loucas ideias, palavras tão vãs
Fazia de sua rua, ruela estreita
Para que o outro o esbarrasse
E tinha os olhos doces feito amêndoas
Sem ter-se ainda o tempo de colheita
Aliciava as chuvas a que molhassem
Os degraus dos olhos de quem o amava
E subornava as noites
E acolchoava de nuvens o leito por onde dormiam