No Rastro da Gadaria

Jairo Lambari Fernandes

Já faz três dias que eu culatreio esta tropa
Que vem mermando, quase chegando ao destino
Canso cavalos no rastro da gadaria
Nas alegrias poucas de um campesino


Só mais uns dias e a tropeada se termina
Minguada é a plata pra os que rondam madrugadas
Empurrando bois nos encontros dos cavalos
De longe, os galos prenunciam alvoradas


De vez em quando um sapucay chamando a ponta
E um índio touro abre o peito e atropela
Um cusco baio se revolta e garroneia
O boi coiceia e, dando volta, se entrevera


Tranqueia o gado farejando um aguaceiro
Que vem se armando lá prás banda oriental
Abrem-se ponchos na culatra e lá na ponta
E o vento afronta mareteando o pastiçal


Troveja longe e o raio plancha na terra
E a manga d'água já branqueia o corredor
Encharca o poncho e a alma de quem tropeia
Se o tempo enfeia pros lados do chovedor


Não vejo a hora de findar esta jornada
E voltar pro rancho que ergui no meu lugar
Já imagino a minha linda na janela
Sonhei com ela e pra ela vou voltar

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