Ex 157

Afro-X

"jão, estouro no norte (estouro no norte)
Agora a gente faz a boa"

Na favela é rapidinho, pra se envolver
Assistia na tv e não podia ter
Mó veneno ir pra escola de chinelo de dedo
Não tive infância, muito menos brinquedo
Sem perspectiva, sem futuro
Minha mãe doméstica não tinha estudo
Família sem estrutura, meu pai batia em mim
A vida do crime se pã, meu trampulim
Muito álcool muita droga, armamento pesado
Periferia, laboratório, eis o resultado
Uma pá de bin laden, descendo o asfalto
Violência, tráfico, latro e assalto
Sem escola, emprego, incenstivo cultural
Pátria amada, mãe gentil, brasil desigual
Necessidade é uma ambição, fui me infiltrar

Ha ha uh jão, vamo chegando
Tudo nosso mó mamão, cê vai ver
O time é eu mais 4, nóis num joga pra perder
200 que só sua cara, só pra começar
Nóis vai se levantar, a tendência é melhorar
É uma lupa da armani, o golf zerado
O flat nos jardins otra fita status
De lá de frente entrei, de sapatin dominei
Todo mundo rendido me senti um rei
Fisionomia transformada tremia, suava
A adrenalina, quase não controlava
Tava tenso mas firmão, deu tudo certo
Meu ego, dizia, o mundo é dos esperto
A giratória não brecava, agia com malícia
Eu pegava o pé de porco na febre sem preguiça
Dois minuto era a cena, encosta ténéré
Puxa o pino da granada gambé volta de ré
A gente nem imagina do que é capaz
Eu era honesto, bom filho, bom rapaz
Dinheiro é o mal ambição em alto grau
Caguetagem de patri vai ver no final

Refrão (2x)
Se você cultivar o ódio, vai colher a dor
Se você praticar o bem, vai colher o amor

O dia a dia é incerto a tensão é constante
O termômetro do réu é medido a todo instante
A muralha me dá agonia, só de física, vou tirar meus dias
Segunda sem lei, cortesia da casa
Um coxinha na muralha quer acabar com a minha raça
Se eu vacilar, se pã é meu fim
Pa atrasar, tem uma pá de estopim
Em minha orações, peço a jesus
Que ele me oriente e me mostre a luz
Porque a coveradia é aliada à traição
Não posso me ingrupir, com sorriso de ladrão
Livros, me ajuda a passar o tempo
Uma carta, ameniza o sofrimento
Mente vazia é oficina do diabo
14 de cadeia, fui condenado
Flash back, collor inocente
A justiça é cega a idéia é quente
Motivo grana, motivo cor
Não nasci, filho de doutor
Um réu algemado, juíza racista
Tem peixe graúdo envolvido nessa lista
Que rouba, milhões milhões ninguém vê
E a gente vem preso, não dá pra entender
A maioria igual a mim, tão jogados nas celas
Preto nordestino morador de favela
Sei que o crime não é justificável
Mas a desigualdade é inafiançável
Sei que o crime não é justificável
Mas a desigualdade é inafiançável

Refrão (2x)
Se você cultivar o ódio, vai colher a dor
Se você praticar o bem, vai colher o amor

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